É, eu sei, andei meio afastado do meu Blog! Meio afastado representa neste contexto exatamente 1 ano de abandono. Meu ultimo post, abaixo, foi sobre alguns detalhes de cafés da nossa Cidade Maravilhosa – Rio de Janeiro.
Muitas coisas mudaram, se transformaram, deixaram de existir, deixaram de sentir, mas a vida é um ciclo.
Acho até, que tudo é um ciclo, a inspiração e a expiração, a noite que logo vem o dia, o ciclo das luas que com o corre-corre nem percebemos – alias percebo a lua cheia, pois uma amiga sempre me liga – as mulheres adoram lua cheia.... E a vida caminha perenemente, em ciclos que se repetem, tudo vai e volta como o pêndulo do relógio antigo indo e vindo, uma vez que o presente é apenas um momento, e o mais é passado.
Exatamente um ano após retorno ao Rio de Janeiro e não sei o motivo, mas retorno a escrever no Blog. Quem sabe a sabedoria Chinesa explique, todo ano a primavera se repete como uma das estações, mas as flores são sempre novas. E além do mais os ciclos como os círculos não tem começo e tampouco fim, quando uma fase termina a outra já começou.
Não resumiria que os ciclos são uma vivencia linear, mas experiências de viagens são movimentos circulares que vamos ascendendo. E neste pensamento que conheci Paraty e Búzios, no estado do Rio de Janeiro.
Estar em Paraty é envolver-se em mistérios e encantos. O encanto de seu casario antigo, suas pedras irregulares chamadas de “pé-de-moleque”, reflexos no chão onde aumentam com a cheia e grandes marés quando o mar entra na cidade, ou até mesmo pelas aguas das chuvas, todo este charme aumenta quando as noites são da lua cheia.
Caminhar pelo Centro Histórico de Paraty é uma volta ao tempo dos idos de 1820, percebe-se todas as marcas da cultura do café e da cana, seu porto e seus piratas, e ainda os símbolos da maçonaria.
Uma colega, arquiteta, que há duas semanas foi conferir voltou encantada, me dizia que as ruas foram todas traçadas do nascente para o poente e do norte para o sul, proibição de entradas de carros no centro histórico (a cidade possui correntes para delimitar o acesso), fiação elétrica aterrada, detalhes e comentários interessantes de arquitetos.
Falando em arquitetos, Paraty é extremamente rica pelos indícios de simbologia maçônica. É chamada de “cidade dentro do esquadro”. Você certamente encontra detalhes nas ruas e nos sobrados mais antigos, a Maçonaria se instalou por lá século XVIII. Digamos que naquela época existia um grande arquiteto, que na verdade se chamava arruador. Era esse arruador encarregado de organizar e desenvolver um plano urbanísticos das construções das ruas, das casas, e das praças. O primeiro se chamou Antônio Fernandes da Silva, e ele em conjunto com outros irmãos que foram responsáveis pelos traçados "tortos" das ruas e desencontrado das esquinas . Qual a explicação pra isso ? Este planejamento ocorreu para evitar o vento encanado nas casas e distribuir de forma harmônica o sol nas residências.
Caminhando pelas ruelas, e em algumas esquinas é fácil encontrar os três pilares , que são cunhais de pedra lavrada, retratam perfeitamente o triângulo maçônico.
Outra marca importante são as portas e janelas da maioria das casas de Paraty . Pintadas em branco e azul, o chamado azul-hortência da Maçonaria Simbólica. A exemplo de Óbidos, em Portugal, que é uma cidade maçônica, também pintada de branco e azul-hortência, Paraty foi totalmente urbanizada pelos Maçons.
Voltado pela matemática retilínea Paraty surpreende mais ainda. Se observar atentamente a proporção dos vãos entre as janelas (papo de arquiteto..), em que o segundo espaço é o dobro do primeiro, e o terceiro é a soma dos dois anteriores; isto é, A+B=C, ou seja, a soma das partes é igual ao conjunto, resumindo: retângulo áureo de concepção novamente maçônica.
Na Livraria de Paraty você pode comprar mapas cartográficos e as plantas de casas, feitas na escala 1:33.33, mais uma vez a marca da simbologia dos maçons, desta vez da Ordem Filosófica, cujo grau máximo é o de nº 33. Este número é uma referência muito forte.
Pasmem ! Mais surpreendentemente: Paraty possui 33 quarteirões e, na administração municipal da época, existia o cargo de Fiscal de Quarteirão, exercido por 33 fiscais...
É inegável a importância da maçonaria na história do Brasil, sua interferência no campo político-ideológico, o que faziam ora estar no poder, ora serem perseguidos. A perseguição deste homens começou pela Europa, de lá muitos vieram para o Brasil, chegaram em Paraty no século XVIII, durante o ciclo do ouro. Foi em 1833 que fundaram na cidade a loja maçônica “União e Beleza” (na esquina da rua do Comércio com a rua da Cadeia) ano da fundação, coincidência ou não, é o ano que representa a duração em anos de vida de Cristo.
Neste espirito cultural-histórico recomendo pelo menos se hospedar uma noite na Pousada do Príncipe, pertencente a Dom João de Orleans e Bragança, bisneto da Princesa Isabel, a pousada preserva o estilo e cores do período colonial brasileiro, aliando a tradição ao conforto e requintes atuais – nada de muito luxo, mas na medida certa.
Claro que estando na Baía de Paraty é indispensável conhecer suas praias e ilhas, muitas ainda em estado selvagem. Suas águas transparentes e calmas, cheias de peixinhos coloridos recordam o Caribe, este é sem dúvida um passeio que agrada a todos, de todas as idades e estilos. No porto dezenas de grandes escunas a pequenas traineiras possuem estes passeios, há muitas opções para curtir o mar de Paraty. Mergulho para quem sabe e gosta é uma ótima pedida.
Estes passeios geralmente percorrem Jurumim, Praia da Akita, Praia do Engenheiro, Praia Vermelha, Praia do Lula, Lagoa Azul, Ilha Comprida, Ilha do Algodão e o Saco da Velha. São feitas paradas de 30 min e ainda outra para o almoço.
Minha intenção, nesta viagem era sair de Paraty às terras diamantinas, por caminhos de pedras através de serras , do Vale do Paraíba e Sul Mineiro, o Caminho do Ouro ou conforme o mapa abaixo: A Estrada Real. Como faltou tempo e meu retorno seria também pelo Rio de Janeiro a ideia foi conhecer um pouco mais da história de Paraty e seus encantos e depois descansar em Búzios, tema do próximo Post.